sexta-feira, 27 de maio de 2011

QUE OS BONS VENTOS ME ENCONTREM

Gravura encontrada no blog APENAS YSOLDA.


OS DEVERES DO VENTO SÃO POUCOS -
NO OCEANO, IMPELIR OS BARCOS,
FUNDAR O MÊS DE MARÇO,ESCOLTAR AS ÁGUAS
E CONDUZIR A LIBERDADE.

OS PRAZERES DO VENTO SÃO GRANDES -
HABITAR AS VASTIDÕES,
PERMANECER OU VAGUEAR,
ESPIAR OS BOSQUES, OU ENTRETÊ-LOS.

OS PARENTES DO VENTO SÃO OS PÍNCAROS,
O AZOF E O EQUINÓCIO;
COM O ASTERÓIDE E O PÁSSARO,
MANTÉM RELAÇÕES CERIMONIOSAS.

OS LIMITES DO VENTO DEPENDEM
DE SEU EXISTIR OU MORRER;
PARECE-ME SÁBIO DEMAIS PARA DAR-SE AO SONO,
NO ENTANTO, EU NÃO SEI.

ps.Poema de Emily Dickinson, traduzido pelo professor, escritor, tradutor e dramaturgo gaúcho IVO BENDER, O Senhor Das Letras, que está sendo homenageado (em VIDA, o que é maravilhoso), por seus 50 anos dedicados ao Teatro. Existe muito mais a se dizer sobre este Senhor, deixo aqui o meu MUITO OBRIGADO.

ps.2 Estou lendo um livro de poemas de Dickinson, traduzidos por Ivo Bender, e este poema ontem a noite, li e reli várias vezes tentando interpetar, entender, na verdade estava me deliciando...eis que acordo hoje pela manhã, com um leve aperto no peito (angústia?)...continuei minhas leituras deste poema no coletivo, recitei em voz alta a caminho do trabalho, então percebi, que preciso de bons ventos, então que Deus me traga.

ps.3 VIVA IVO BENDER, VIVA...

terça-feira, 24 de maio de 2011

"AH, BRUTA FLOR DO QUERER"

by Rosana Souza

O QUERERES
Caetano Veloso

Onde queres revólver, sou coqueiro;
Onde queres dinheiro, sou paixão!

Onde queres descanso, sou desejo;
E onde sou só desejo, queres não!

E onde não queres nada, nada falta;
E onde voas bem alto, eu sou o chão;

E onde pisas no chão,
Minha alma salta: e ganha liberdade na amplidão...

Onde queres família, sou maluco;
E onde queres romântico, burguês!

Onde queres leblon, sou pernambuco;
E onde queres eunuco, garanhão!

E onde queres o sim e o não, talvez;
Onde vês, eu não vislumbro razão!

Onde queres o lobo, eu sou o irmão;
E onde queres cowboy, eu sou chinês!

Ah, bruta flor do querer...
Ah, bruta flor, bruta flor!

Onde queres o ato, eu sou o espírito;
E onde queres ternura, eu sou tesão!

Onde queres o livre, decassílabo;
E onde buscas o anjo, eu sou mulher!

Onde queres prazer, sou o que dói;
E onde queres tortura, mansidão!

Onde queres o lar, revolução;
E onde queres bandido, eu sou o herói!

Eu queria querer-te amar o amor,
Construírmos dulcíssima prisão;

E encontrar a mais justa adequação:
Tudo métrica e rima e nunca dor!

Mas a vida é real e é de viés,
E vê só que cilada o amor me armou:

Eu te quero e não me queres como sou;
Não te quero e não me queres como és...

Ah, bruta flor do querer...
Ah, bruta flor, bruta flor!

Onde queres comício, flipper vídeo;
E onde queres romance, rock'n roll!

Onde queres a lua, eu sou o sol;
Onde a pura-natura, o inseticídeo!

E onde queres mistério, eu sou a luz;
Onde queres um canto, o mundo inteiro!

Onde queres quaresma, fevereiro;
E onde queres coqueiro, eu sou obus!

O quereres e o estares sempre a fim,
Do que em mim é em ti tão desigual...

Faz-me querer-te bem; Querer-te mal:
Bem a ti, mal ao quereres assim:

Infinitivamente impessoal;
E eu querendo querer-te sem ter fim!

E querendo-te, Aprender o total...
Do querer que há;

E do que não há em mim.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

UMA HISTÓRIA DE AMOR E MORTE


Seria mais uma caminhada até o trabalho, não fosse o atropelamento do pequeno cão...após mais um milagre de acordar mais um dia, deparo-me com a morte. O coitadinho agonizando caiu no meio da rua, arrastei-o até o meio fio, mas já estava sem vida. O carro que o atropelou seguiu, de onde estava era possível perceber que o motorista tinha visto, mas seguiu em frente, apressado demais com sua vida, seus interesses...no carro que vinha atrás, pude ver a senhora tapar o rosto, não sei se de pena, ou para não ter que socorre-lo. Mas o fato é que ninguem parou, apressados que estavam com suas vidas, pois não há tempo para se preocupar com o próximo, e se o próximo é um animalzinho indefeso, menos tempo ainda. Pedi a Deus por sua vidinha, mas precisava seguir para o meu trabalho também...na caminhada lembrei de Kira, uma poodle de uma visinha, ou melhor, de suas meninas. Como não tirei férias em um janeiro passado, fiquei cuidando da casa dela e da cachorra. Confesso que este era o único animal que não gostava muito, achava-os arrogantes e metidos,nos colos das madames, ou nas janelas dos carros, ou seja, não simpatizava com esta raça de cão. Na primeira noite, fui para a casa dela e segui suas informações com relação a Kira, só que ela não queria comer, me olhava e acho que percebia que não simpatizava muito, então dei sua ração na boca, grãozinho por grãozinho. Na hora de dormir, veio ela toda faceira para pular na cama, claro que a corri, mostrei a caminha dela algumas peças longe do quarto...logo percebi um barulho na porta, fui ver, e era ela com sua cama de arrasto me olhando de um jeito que quase me cortou o coração, então deixei a porta entreaberta e falei pra ela que poderia dormir ali, mas não no quarto comigo, deixei uma luz acesa, ela dormiu...nos dias seguintes, chegava na casa dela, e Kira já me esperava, e me seguia a onde fosse dentro de casa, comecei a acostumar com aquela companhia, conversava muito com ela. Descobri uma simpatia e um companheirismo que até então não tinha tido oportunidade. Mas ela sempre tentava pular para a cama, o que eu não deixava. Num domingo, muito quente, liguei o ventilador de teto e fiquei olhando tv, peguei no sono, e quando acordo, Kira dorme feliz ao lado de meu rosto, acordei assustado, mas logo achei engraçado, pois Kira foi a única cachorra que dormiu comigo. Ficamos amigos, e me apaixonei por poodles, que bichinho companheiro. Tudo voltou ao normal, eu na minha casa, ela na dela com as meninas, mas quando me via chegar, ela latia e corria para a beira do muro, querendo um carinho e conversa, o que nunca mais neguei. Soube depois que ela estava para ter cachorrinhos, mas infelizmente não resistiu ao parto e morreu. Fique muito triste, e agora escrevendo percebo o quanto faz falta na minha vida, e olha que ela nem era minha, pedi a Deus pela alminha dela também. Como os animais são inocentes, aquele cãozinho atropelado e Kira, estão no céu dos bichinhos...

dedico este post ao blog NOS NECESITAN de minha amiga Victória e também a um seguidor cuja foto de apresentação é um cãozinho (desculpa, neste computador que estou não consigo ver meus seguidores e não lembro o nome, que é algo como Peter alguma coisa)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

SOLIDÃO, FAZ CALOR DEPOIS FAZ FRIO



Um blog inacabado, é este, por falta de recursos, não utilizo os recursos disponíveis. Sou meio lesado, pois embora trabalhe com, confesso que peguei o bonde andando, e não sou 'chipado' (a geração internet já nasceu com um chip, por isso a facilidade das crianças para lidarem com a máquina). Gosto de rotinas (coisas do idoso que sou), mantenho o mesmo fundo. Até gostaria de, por exemplo, colocar os selos que ganho ao lado, indicar blogs que sigo ou gosto; mas gosto também dessa coisa inacabada. Sou assim, inacabado em constante mutação, o que não ocorre no meu blog, que só é inacabado, tentando fazer da palavra o seu amadurecimento, logo, o meu amadurecimento (bom, se amadurecer mais um pouco, apodreço e caio rsrsrsrsrs).
"Palavras gastam-se como pedras no rio: mudam de forma e significado, de lugar, algumas desaparecem, vão ser lama de leito das águas. Podem até reaparecer renovadas mais adiante. Felicidade é uma delas."Lya Luft
Estranho, dou-me conta agora de quando criança gostava de ficar só, brincar com meus brinquedos de verdade ou imaginários, meus livrinhos, de ficar deitado no chão por horas vendo a transformação nas nuvens, e hoje tenho medo da solidão. Me queixo dela, mas ao mesmo tempo não busco ninguém (se é que é póssível isso). Aos finais de semana, só, em casa, onde criei meu mundinho de livros, discos, dvds...chorava muito (ainda choro, mas bem menos). Como não tenho computador, adentro a primeira lan house que encontro, abro meu blog e fico lendo e relendo os posts que já escrevi (meu blog é meu companheiro), os comentários, e começa uma grande viajem onde não me sinto só.
Próxima providência, comprar um computador, mas tenho medo de entrar e não sair mais dele. Acho que esse medo adia a compra (falta de recursos também). Mas tenho momentos de muita felcidade, navegando nos blogs dos amigos e naqueles que até então não conhecia (e são tantos e belos e criativos). Mas quando aperto o botão do fim e retorno para casa,preciso de um barbitúrico, pois o sono (que gosto muito) me é pouco. Sempre lembro de uma cena dos filmes do Batmann em que a Mulher Gato retorna para casa e quando entra diz algo como: querido, cheguei - e logo em seguida ela diz - eu moro sozinha, não tenho ninguém me esperando. Sempre me sinto assim, uma espécie de frustração.
Minha mãe não me pede mais netos, embora todos os outros tenham lhe dado netos, meus queridos sobrinhos. Parou a meu pedido, de me cobrar casamento (mas a entendo, ela tem medo de partir e me deixar só), eu também.
Meu blog é inacabado, como minha vida.

ps. o título deste post tirei de uma música de Cazuza...

ps.2 ONTEM
"Querido DEUS aguardo tuas instruções para os próximos passos. Que seja suave e harmonioso meu caminho, que as flores sejam belas e as pessoas cvheias de amor e carinho."
HOJE/AMANHÃ
"Um novo re-começo, a luz do fim do túnel está se tornando, à medida que me aproximo, num oásis, lugar com coisas à fazer,ocupação e aprendizado. DEUS é bom demais comigo, só tenho a agradecer. Apesar de parecer um paraíso, existem eu sei, armadilhas, tudo o que preciso é manter o equilíbrio, harmonia e estar atento. Ser cordial e gentil, graças a DEUS isso é de minha natureza, agora é só aguardar. A alma esperta, a espinha ereta e o coração tranquilo..."